quarta-feira, 30 de maio de 2012

DESAFIO LITERÁRIO 2012 - MAIO - O Guardião de Livros

O GUARDIÃO DE LIVROS
Cristina Norton

A história começa em Lisboa nos anos que antecedem a invasão francesa, tempo de medo e muitas privações. A família real portuguesa já tinha fugido em direção ao Brasil, a população portuguesa se sentia desamparada. Luís Joaquim dos Santos Marrocos e seu pai eram bibliotecários da Real Biblioteca do Palácio da Ajuda, onde lutaram em tempo difíceis para conservar livros raros salvos do grande terremoto. Marrocos foi designado a acompanhar a vinda da Biblioteca Real para o Brasil e de sua instalação nestas terras. Marrocos era hipocondríaco, sistemático e com muitos preconceitos em relação ao Brasil, sua gente e tudo que não fosse português. Passou anos difíceis, só imaginando o dia em que poderia voltar a sua terra natal. A saudade de seus familiares era tanta que o fazia suplicar por uma carta, vivia em função dessas noticias. Tudo muda quando se apaixona por uma jovem brasileira, as dores e doenças começam a deixa-lo. Mas nem tudo vai bem, apesar do bom casamento Marrocos ainda terá muitas desventuras. Cada personagem importante conta sua versão da história, o que achei muito interessante. Temos as impressões de Marrocos, de Ana (sua esposa), uma jovem escrava muda, um jovem escravo que imitava seu dono ao nível da obsessão, todos relatos muito convincente. Uma ótima pesquisa histórica aliada a alguma ficção que nos proporciona uma agradável leitura. Gostei muito do livro, uma época dos nossos livros de história do Brasil mas contados de uma maneira fácil e criativa.

DESAFIO LITERÁRIO 2012 - MAIO - O TEMPO ENTRE COSTURAS

O TEMPO ENTRE COSTURAS
Maria Dueñas

O livro é, na essência, a estória de Sira Quiroga, uma jovem aprendiz de costureira que trabalha duro num ateliê com sua mãe, também costureira. A principio Sira se mostra responsável e obediente a sua mãe. O que parecia previsível se transforma quando Sira se vê loucamente apaixonada por um desconhecido e termina seu noivado e o casamento já marcado. A autora, Maria Dueñas, descreve como Ramiro envolve Sira de maneira primorosa. O que com poucas palavras pode parecer uma leviandade de Sira, a autora descreve uma teia de aranha onde a jovem inexperiente se vê paralisada. Ao assumir essa paixão Sira se lança numa fase de grandes êxtases e grandes desilusões. Começa a Guerra Civil Espanhola, e Sira está no Marrocos sozinha e numa situação desesperadora. Em Tenuàn ela encontra pessoas que serão muito importantes em sua vida, amigos improváveis que ajudarão na sua transformação e sobrevivência. Durante a Guerra Civil Espanha a volta de Sira para Madri se mostra impossível, só nas vésperas da Segunda Guerra Mundial que essa oportunidade se apresenta mas de forma tortuosa, um caminho que leva Sira à perigosos, espionagens e grandes aventuras. Gostei do livro do principio ao fim, do estilo da autora aos personagens, me senti órfã de livro quando ele terminou. Já se sentiu assim? Demorei alguns dias para pegar o outro livro para ler, como se esse fosse o único.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

DESAFIO LITERÁRIO 2012- ABRIL


OS RESÍDUOS DO DIA

Autor: Kazuo Ishiguro
Tradução: Jose Rubens Siqueira
Editora: Companhia Das Letras
Páginas: 268

Para o mês do Desafio – escritor oriental – o autor é adequado, já que ele é japonês, mas a história se passa na Inglaterra. Enfim, foi um bom livro que tentarei passar minhas impressões adiante.
A capa do livro é a foto de uma pintura: “The Dinner Party” um óleo de Henry Sargent. Que retrata uma típica sala de jantar inglesa com várias pessoas a mesa e empregados servindo. Nada que chame a atenção, assim como toda a narrativa deste livro.
O livro é sobre um mordomo próximo da velhice e se passa no ano de 1956. O texto é narrado por Stevens, o mordomo, como se fosse um diário. Embora algumas vezes ele faça perguntas sobre a nossa opinião, ou quem sabe ao diário. È um tom confessional, onde ele volta as questões já narradas e por vezes muda de opinião ou acrescenta algo mais. A história começa com Mr. Stevens, como seria mais apropriado chamá-lo, saindo para uma viagem de carro pelo interior da Inglaterra. Uma semana de féruas, após muitos anos de trabalho, que também tem a intenção de convencer uma antiga governanta da casa, Darlington Hall, a retornar ao serviço.  Durante a viagem ele reflete seus trinta anos de serviço dedicados ao Lord Darlington, pessoa que ele admira e tece muitos elogios. Assim como começa descrevendo a governanta, Miss Kenton, como excelente profissional e amiga. Ao longo da narrativa tudo vem a ser questionado.  Mr. Stevens se mostrou contido, reprimido e por vezes insensível. Ou talvez tenha se assim por conta de sua profissão, ou como achava que deveria ser.
A leitura do livro é fácil, embora não aconteçam muitas coisas e não tenhamos expectativas, não é enfadonho. O que mais gostei do livro foi a aparente simplicidade, mas que revelava uma grande complexidade de sentimentos. No final me deixou um vazio, que ainda não sei dizer se foi em função da vida de Mr. Stevens ou na nossa própria existência. Mereceu o Booker Prize (1989).

Se você quizer saber mais sobre o Desafio Literário 2012, clique aqui.



quarta-feira, 28 de março de 2012

DESAFIO LITERÁRIO - MARÇO 2012 - LIVRO 1





EU MATO

Autor: Giorgio Faletti
Tradução: Eliana Aguiar
Editora: Intrínseca
Páginas: 536



Quem conhece minhas leituras sabe que esse mês não foi um desafio para mim. Meu gênero preferido é o suspense e daí para um serial killer é um passo. Mas como leitora voraz deste tema, não havia muitas opções sem permanecer na mesmice dos mesmos autores. Até que surgiu o nome deste livro nas listas de outros participantes do Desafio (desculpem não colocar os créditos, mas não lembro onde vi). Pesquisando melhor, já que o autor era totalmente desconhecido para mim, a pontuação no Skoob me animou bastante. Ao receber o livro senti que não iria expor a capa em público, ela é vermelha de sangue! Mas, vamos à história... O livro se passa em Monte Carlo (Mônaco), com todo o glamour que o lugar nos remete. O primeiro assassinato acontece de maneira brutal acompanhado por um telefonema para um programa de rádio muito popular. O caso envolve um agente do FBI e seu amigo policial local. Entre os assassinados estão pessoas ricas e famosas, mas o que mais intriga é o porquê do método. O assassino retira o rosto do escolhido como quem leva uma máscara. A história é rica e envolvente, gostei da trama e não achei furos. Acho que não é o tipo de livro que se deva falar muito, em respeito aos possíveis leitores, aqui o suspense é fundamental. Espero que os outros livros do Giorgio Faletti estejam no mesmo nível e sejam publicados aqui em breve.



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DESAFIO LITERÁRIO - FEVEREIRO 2012








CLARICE,
Autor: Benjamin Moser
Tradução: Jose Geraldo Couto
Fotografia: Claudia Andujar
Quarta capa: Yudith Rosenbaum
Editora: Cosac Naify
Páginas: 648



Gostei da capa, assim que vi pela primeira vez o livro - Clarice em sua máquina de escrever. A figura da escritora sempre foi presente em minha juventude, mas a minha leitura de seus escritos foi muito pouca. Praticamente não conheço os livros de Clarice Lispector, somente poucos textos. Mas sempre tive curiosidade de conhecê-la. Para cumprir o Desafio do mês de fevereiro – título do livro um nome próprio – vi na estante Clarice, e resolvi começar por sua biografia.
O livro começa pela história dos pais de Clarice na Ucrânia, o relato histórico é surpreendente e triste. O autor americano, Benjamin Moser, é formado em História o que explica o cenário histórico de cada face da vida de Clarisse descrito de maneira primorosa. Acho que essa habilidade do autor enriqueceu o livro.




Apesar da personalidade complexa de Clarice, a leitura foi fácil. Alguns trechos foram sufocantes, como se explicasse a própria ansiedade da Clarice. Para mim que nunca li Clarice, o livro instigou minha curiosidade, mas também me amedrontou. É um bom livro, gostei e recomendo.


Espero postar em breve uma resenha de livro de Clarice Lispector. Alguém sugere um livro Clarice para Iniciantes?

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ao Ponto - Anthony Bourdain


DESAFIO LITERÁRIO – JANEIRO 2012

AO PONTO

Anthony Bourdain

Companhia das Letras

323 Páginas


Qualifico a capa com elegante. Um fogão com uma panela ao fogo com um cozinheiro desfocado ao fundo. Acho que foi isso que eu senti, fora os poucos episódios do programa dele que assisti na TV, não sabia nada dele.
O livro é sobre culinária, mas o começo é mais geral, começando sobre a vida dele. Seus muitos erros e uma visão bem madura de alguém que cresceu. Do meio em diante fala basicamente sobre os mais famosos restaurantes do mundo.
Na verdade esse livro foi escolhido por estar na estante me olhando já faz algum tempo, e porque não já que era o tema do mês? Mas foi uma grata surpresa, não me arrependo da escolha.
A leitura foi fácil, a primeira metade foi excelente, daria quatro estrelas por ela. Ele é inteligente e sarcástico, liquidou com vários de maneira divertida. Desenvolveu essa parte do livro com paixão, adorei essa leitura.
A outra metade não foi tão empolgante, fala sobre diversos restaurantes, e foi maçante.
Mas, pelo começo do livro onde fala de sua triste relação com as drogas, e suas conseqüências, acho que o livro vale à pena. Darei três estrelas “plus”.

Aprendiz de cozinheiro - Bob Spitz

DESAFIO LITERÁRIO – JANEIRO 2012

APRENDIZ DE COZINHEIRO

Bob Spitz

Jorge Zahar Editor Ltda

358 Páginas

Gostei da capa, criativa e divertida. Além do título e autor, também está escrito “ Separar, viajar e ... cozinhar na França e na Itália”, abaixo do nome do autor tem “ autor do best-seller: The Beatles”. Desta forma a capa não deixa nenhuma dúvida quanto ao assunto do livro, uma viagem culinária e como não podia deixar de ser, gastronômica.
Acho uma combinação ótima, sempre que viajo gosto de conhecer os pratos típicos do lugar. Ainda não participei de cursos de culinárias, mas não descarto tal idéia.
A leitura foi fácil, ele realmente escreve bem, não foi enfadonha. Acho que o ponto negativo foi mesmo o personagem em si. Acho que o tema poderia dar um livro excelente, mas não foi isso que aconteceu. Na capa fala em separação, assunto que foi delicadamente evitado. Assim como, o “namoro” com Carolyn, alguém conta para ele que ela nunca esteve a fim... Faltou o comprometimento, está certo que o livro é sobre culinária, mas deveria contar uma aventura, e o Bob peneirou suas emoções e acontecimentos neste caminho. Ficou insosso. Achei Bob um chato.
Nem tudo foi ruim, gostei das descrições dos lugares e receitas. O melhor momento foi, sem dúvida, A Torre dos Guelfos, na cidadezinha de Figline Valdarno onde ele encontra o chef Cláudio Piantini que ensina a cozinhar com amor e paixão. Foi um bom livro, mas por não ter sentido a paixão de Bob ao contar sua história ele ficará com 3 estrelinhas, na categoria “gostei”.