quarta-feira, 29 de junho de 2011

DESAFIO LITERÁRIO – JUNHO (livro 3)



ESPERANDO GODOT
Samuel Beckett
Editora Cosac Naify
242 Páginas

Não escolhi o livro pela capa (a imagem da sobrecapa é de Philip Guston), escolhi pelas diversas vezes em que ouvi falar da peça. Estava curiosa, e nada mais justo para um mês de leitura de peças teatrais. Não li nenhuma opinião sobre o livro, nem mesmo o resumo da aba do livro. Por isso, espero fazer uma resenha totalmente pessoal.
Tudo se passa num único cenário, um descampado com apenas uma árvore. Mais uma vez vejo a simplicidade, muitas vezes necessária, a realização de uma peça. Os personagens principais são Estragon e Vladimir, dois andarilhos. Os demais personagens são Pozzo, Lucky e um menino que aparece para dar uns recados. Durante a narrativa Estragon e Vladimir nos revelam sutilmente a triste vida que levam, surras de outros andarilhos, fome e uma rotina cruel. Pozzo e Lucky aparecem, aliviando um pouco a espera por dias melhores. Mesmo não sendo, muitas vezes, presenças agradáveis são bem vindos por espantar o tédio.
O texto é repetitivo e cíclico, mas justamente para nos levar para a angustiosa vida monótona dos personagens. Deixando solta nossa imaginação, podemos fazer diversas associações com as nossas vidas ou outras passagens. Não é um texto para se chegar a conclusões, mas acho que cumpru o desejo de nos instigar.
Foi um bom livro.

terça-feira, 28 de junho de 2011

DESAFIO LITERÁRIO – JUNHO (livro 1)




REI LEAR
William Shakespeare
Editora L&PM Pocket
140 Páginas

Quando eu comecei este desafio, não me pareceu algo difícil, já que eu leio normalmente um número maior de livro por ano. Mas agora vejo que os temas propostos são os verdadeiros desafios. Esse é um estilo que eu não escolheria para ler e, quando comecei a leitura, senti que seria difícil – o sistema de diálogos e descrições de cenários. Mas, como vou perseverar neste desafio, insisti e em algumas páginas e já não senti mais a diferença.

A capa do livro me fez imaginar, talvez, uma imagem de um rei insano, mas nada que me fizesse comprar o livro. Entretanto a história contada realmente valeu a pena. Achei genial a quantidade de sentimentos passados em tão poucos diálogos. A genialidade de Shakespeare, para mim, é a capacidade de ser profundo com poucas palavras.

O enredo mostra a decadência de um rei em sua velhice, suas escolhas equivocadas, talvez em parte pelos anos de poder, e toda a adulação servil que o cerca. Tudo começa quando Rei Lear, já com idade avançada, resolve dividir seu reino e posses entre as três filhas conforme expressarem em palavras o amor que elas tenham por ele. Goneril e Regana têm um ótimo discurso e definem com eloquência seu amor filial de maneira bajuladora. Já Cordélia, filha mais moça, não consegue expressar em palavras sua devoção pelo pai e, assim, é deserdada. A partir daí começa a se formar uma tragédia. Na contra capa tem-se a frase “A tragédia definitiva sobre a velhice”, porém, acho que uma decisão como essa, baseada na vaidade, pode ser desastrosa em qualquer fase de uma vida.

Definitivamente um ótimo livro.


DESAFIO LITERÁRIO – JUNHO (livro 2)




OTELO
William Shakespeare
Editora L&PM Pocket
168 Páginas


A capa retrata um jovem negro: Otelo. Revi a imagem durante a leitura várias vezes, já que sua aparência é sempre lembrada pelos personagens. O livro conta a história de Otelo, um nobre mouro a serviço do Estado de Veneza. Reverenciado por seus feitos em batalhas e um homem bem sucedido, Otelo se apaixona por Desdêmona, filha de Brabâncio, um senador - o que provoca raiva, inveja e ciúmes. O ciúme é o sentimento mais explorado na trama e, em função desta fraqueza, Otelo será facilmente manipulado por Iago, seu alferes.

O sistema de persuasão em pequenas doses adotado por Iago é extremamente real e eficiente.Os diálogos são ricos e mais uma vez admirei a capacidade de Shakespeare de provocar sentimentos tão profundos com poucas palavras. Iago, o alferes que envenena a mente de Otelo e Rodrigo, antigo admirador de Desdêmona, é um personagem completo, que me deixou desconfortável com sua maldade. Maldade sem violência física, suas armas são suas palavras.

Todos os personagens são ricos e se encaixam perfeitamente a trama. Vejo que os escritores de peças teatrais precisam impactar o público com pouquíssimos recursos, e Shakespeare faz isso primorosamente. Escolhi esse livro mesmo conhecendo em parte a história, mas realmente foi uma ótima leitura.